09 maio 2007

NÃO QUEREMOS PERDER A NOSSA ESCOLA

O encerramento das escolas, bem como a crescente diminuição do número de alunos e a consequente diminuição do número de turmas, nas escolas do 1º Ciclo do Ensino Básico, situadas em meios rurais tem vindo a acontecer de forma tão acelerada quanto silenciosa, devendo ser questionada as suas implicações tanto para os alunos presentes e futuros, como para a comunidade em causa. Para o presente ano lectivo, a escola EB1 de CERCAL não apresenta, para já inscrições suficientes para manter uma sala aberta, o que vai ter implicações futuras para as crianças desta localidade; - Procura de outras escolas para matricular as nossas crianças, longe da nossa comunidade; - “Interrupção” de um lugar profissional a curto prazo, que se tornará difícil de preencher a longo prazo [como tem sido hábito], com um vai e vêm de professores diferentes ao longo do ano lectivo, e que nunca é de mais referir, é muito prejudicial para os educandos, nomeadamente os de mais tenra idade, que procuram encontrar na escola uma continuidade de afectos e atenção. “Não se compreende porque se quer à força reduzir o número de turmas nas escolas de média dimensão e agrupar os alunos em turmas grandes, complexas e com vários anos de escolaridade. Será que estão a pensar no sucesso escolar dos alunos? Temos consciência que este é um problema mais de carácter político do que de carácter pedagógico. Só isso é que poderá explicar a ausência de interpelações acerca das condições de vida das crianças afastadas, a maior parte do dia, das suas comunidades de origem, ou o quão tão pouco benéfico pode ser para uma criança estar integrada numa turma com mais de vinte alunos e vários anos de escolaridade!!!” O que é que garante que crianças tão pequenas, antes penalizadas pelo isolamento das suas comunidades, não sejam penalizadas agora pelo seu isolamento face a essas comunidades? Não sejam penalizadas, agora e também, pelo excesso de escola a que se encontram sujeitas? Será que acreditamos que a socialização das crianças resulta de uma equação que se resolve, linearmente, defendendo-se que basta o contacto com mais crianças para que o problema da sua socialização deixe de constituir um problema? A socialização de uma criança é um processo mais vasto e complexo, depende, sobretudo, da qualidade das interacções com o meio físico, social e simbólico que a rodeia, depende da vivência que estabelece com outras crianças, mas também com os adultos e dos espaços de referência onde esses encontros acontecem.” Esta é a opinião deixada pelo grupo docente da Escola do Ensino Básico da Escola do Cercal, que demonstra a sua preocupação quanto ao futuro desta escola, e dos alunos que fazem parte das suas 3 actuais turmas, bem como a sua preocupação acerca do estado actual da educação no nosso país, com um “abarrotar” de horas de estudo e actividades nem sempre justificáveis, deixando pouco espaço para os nossos educandos serem só e apenas crianças. Neste país onde a população envelhece a “ olhos vistos” e os incentivos à natalidade são aqueles que conhecemos, ou seja, nenhuns, há que lutar sempre e o mais possível pelas crianças que são o nosso amanhã e tentar ao menos preservar o que nos resta, ou seja evitar a todo o custo, o encerramento das escolas, bem como a diminuição do número de turmas, nas escolas do 1º Ciclo do Ensino Básico, situadas em meios rurais, uma vez que não há nada que nos prove que isso beneficia ou que contribui para o sucesso escolar das nossas crianças, bem pelo contrário! Assim e para já, há que unir esforços e matricular as nossas crianças na EB1 de Cercal que corre o risco de ficar sem uma turma já no próximo ano lectivo e daí até perder as outras duas turmas e encerrar é um passo, e nós não queremos ficar sem a nossa escola pois não? Então por favor, caros amigos, conterrâneos e vizinhos matriculem as vossas crianças na nossa escola.
A Escola EB1 de Cercal