05 novembro 2007

CAPA

TORNEIO DE MATRAQUILHOS

FESTIVAL DE SOPAS

Entrevista ao actual presidente do CDSCCVN

Francisco Reis Actual Presidente do CDSCCVN em entrevista ao Jornal Voz da Terra. 1 - Antes de assumir o cargo de Presidente do Centro Desportivo e Recreativo do Cercal/Vales, qual era a sua ideia sobre esta associação? - A ideia que eu tinha desta associação era de uma associação um pouco degradada em questões de ideias, não havia um grande envolvimento com os sócios, precisava de ser mais audaz e cativar mais os sócios. 2 - O que o fez assumir este cargo? - Foi-me feito um convite pela direcção anterior, visto não ter havido mais ninguém que quisesse assumir este cargo, resolvi ser eu a fazê-lo. 3 - Quais eram os projectos ou ideias que tinha em mente para desenvolver nesta associação? - Naquele momento, a minha ideia era manter o que já existia, basicamente resumia-se ao desporto, tentar angariar mais sócios para tornar a associação mais forte. 4 - Quando e como surgiu a ideia de começar a assumir funções sociais na freguesia como o apoio social e outros? - Esta ideia de função social começou quando tivemos de começar a assumir a responsabilidade da cantina escolar, e a partir daí começámos a pensar noutras coisas tais como o apoio social. 5 - Nessa altura, houve alterações nos estatutos e no nome da associação, foi alterado para Centro Desportivo Social e Cultural do Cercal Vales e Ninho. Porque sentiu a necessidade de o fazer? - Fomos pedir opiniões a várias entidades, e todas foram bastante positivas, e para poder desenvolver esta vertente social, tivemos de alterar os estatutos para apoio à família, e consequentemente o nome. 6 - Depois surgiu a ideia e bem de construir uma creche e um centro de dia. Porquê adquirir aquela casa para esse fim e não construir um edifício de raiz? - A ideia de um edifício novo de raiz foi posta em hipótese, mas depois de algumas visitas da segurança social à casa e do Ex Sr. Presidente da Câmara, logo de seguida apoiaram a aquisição da dita casa. 7 - Em que ponte de situação se encontra actualmente a obra? - Depois de tantas alterações, o projecto já se encontra aprovado por parte da Câmara, o protocolo com a segurança social já foi assinado, um protocolo de financiamento de parte de obra, faltando apenas o parecer positivo do programa PARES para se dar o início da obra. 8 - A partir dessa data, a associação passou a ser uma instituição particular de solidariedade social. Quais foram para si as vantagens dessa alteração? - Não foi pelas vantagens mas sim pela necessidade de passar a I.P.S.S para poder desenvolver o apoio social. 9 - Estas mudanças todas alteraram totalmente a imagem da instituição, mas trouxeram também muitos encargos financeiros à aquisição da casa e como consequência desta alteração houve a necessidade de empregar funcionários. A que valor nos referimos mensalmente, e como tem conseguido angariar fundos necessários para fazer face a estas despesas? - Presentemente, a instituição necessita de entre 7.000 a 10.000€ para fazer face às despesas. Uma parte destes salários são pagos pela empresa de inserção, também recebemos o subsídio anual de apoio à família por parte da Câmara Municipal, e sem esquecer o café da instituição e também contamos com a ajuda da população. 10 - Relativamente a apoios estatais, nomeadamente a Junta de Freguesia, a Câmara Municipal e a Segurança Social, o que tem a dizer? - Tenho sentido apoio por parte de todas estas entidades, não posso dizer que me tenham prometido algo e que não mo tenham dado. 11 - Em relação ao desporto, mais propriamente ao futebol, qual é para si a importância que este representa na instituição? - Tem um papel muito importante, visto conseguir motivar um grande número de jovens a praticar futebol. É uma forma de manter o pessoal unido. 12 - Presentemente, o estado das infra-estruturas desportivas dos Vales estão um pouco debilitadas. Porque é que ao longo destes anos todos não se justificou um investimento nas mesmas, a fim de as melhorar e de lhe dar um melhor aspecto? - Houve aqui há uns tempos um projecto para o campo das barreiras que era para avançar, mas por alguns motivos meramente locais, o projecto ficou sem pernas para andar. Presentemente, as opiniões no seio dos dirigentes desportivos em relação aos Vales está um pouco dividida, logo bloqueia qualquer ideia nova que possa surgir. 13 - Acha que se justifica apostar noutras modalidades desportivas? - Na minha opinião, para além do futebol de onze, o futsal poderia ter pernas para andar. 14 - Presentemente, com a experiência que já adquiriu, acha que se justificava separar a vertente social da desportiva recreativa e cultural? - Na minha opinião, se essa divisão fosse agora feita, seria um desastre total para todos. Mas no fim do edifício da creche e do centro de dia estar feito, acho que seria de se pensar nessa situação. 15 - Após estes anos todos na presidência da instituição, qual foi o momento mais difícil que passou? - Não há nenhum mau momento em especial, mas magoa-me um pouco o facto do não reconhecimento por parte da população do trabalho efectuado na instituição por estas pessoas. 16 - Qual foi a decisão mais complicada que teve de tomar? - Não tive decisões difíceis de tomar, visto todas as decisões terem sido aceites pela maioria como em democracia. 17 - Certamente também passou bons momentos, recorda algum em especial? - A assinatura do protocolo com a Segurança Social na pessoa do Exmo. Sr. Ministro do Trabalho e da Solidariedade Social. 18 - De tudo o que fez e decidiu até hoje, se pudesse voltar atrás, o que é que não faria? - Voltaria a fazer tudo igual, penso que as decisões foram todas positivas. 19 - Já apareceram algumas listas candidatas? - Até à data, não apareceu nenhuma lista. 20 - Está disponível para liderar novamente uma lista? - Penso que ainda é muito cedo para decidir, mas acho que já cumpri o meu papel, e a instituição precisa de gente nova e de ideias novas. 21 - Quer fazer algum apelo ou deixar alguma mensagem à população? - O apelo que faço é mais dirigido aos sócios, peço um pouco mais de decência pela nossa associação, os dirigentes precisam de mais confiança da vossa parte e também de ajuda. Quanto à população desta Freguesia, penso que ainda não perceberam que já há muita gente a trabalhar para lhe prestar serviços, para os ajudar. Podem confiar, é para o bem de todos, todos precisamos de todos. “ A união Faz a força” O Voz da Terra agradece a entrevista dada pelo Presidente do CDSCCVN. Micael Baptista

Santíssima Trindade

É-me pedido que fale da igreja da Santíssima Trindade, recentemente inaugurada em Fátima. Muito haveria a dizer porque a sua história tem mais de 20 anos. Não vale a pena falar dos poucos aspectos “curiosos” que conheço: desde cinco Kms de colunas sobre as quais está assente; os cerca de trezentos kms de fios eléctricos, as seiscentas mil toneladas de ferro, as tubagens de ar condicionado, dentro das quais poderia andar um carro, ou quinhentos metros quadrados do painel de fundo… Ali importa salientar que se procurou sempre criar as condições possíveis para que os peregrinos possam rezar o mais tranquilamente possível. Aliada a esta vontade, é evidente que se aproveitou a oportunidade para dotar este espaço de obras de arte de artistas dos mais diversos países, permitindo assim que ao chegar a Fátima os peregrinos encontrem alguma coisa referente aos seus países. A mensagem de Fátima é mensagem de Jesus Cristo: um apelo a uma conversão e transformação de vida permanente. Conversão que nos conduz a Deus, que é Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo. Numa das suas aparições, o Anjo rezou e ensinou aos Pastorinhos uma oração trinitária e eucarística: “Santíssima Trindade…adoro-Vos profundamente”. A igreja da Santíssima Trindade aparece assim como “coroa” de uma época histórica e simbólica. Muito se tem feito pela divulgação da Mensagem e a construção desta igreja é como que o ponto alto de quanto se tem feito pelo acolhimento de todos os que demandam Fátima na sua busca e caminhada para Deus, como é a caminhada de cada um de nós e que terminará somente quando a nossa vida se realizar plenamente na eternidade. Das muitas críticas que vamos ouvindo, salienta-se a fome que grassa no mundo enquanto “em Fátima se gastam milhões” numa igreja. Tenhamos em conta que quem pagou aquela igreja foram os peregrinos, aqueles que lá passaram muitas celebrações debaixo de um sol escaldante e de chuvas abundantes, para esses se procurou criar condições para com dignidade celebrarem a sua fé. Pe. José Baptista

União em Reforma

Todos ouvimos nos noticiários, que ocorreu em Lisboa um feito importante para a história da Europa, acerca dum tratado reformador da união europeia. O que define o tratado? Quais as alterações que interessam à população? Que importância pode ter? Os chefes de Estado dos 27 e o Governo da União Europeia (UE) chegaram na madrugada do passado dia 19 a acordo quanto ao texto final do novo tratado europeu. As negociações decorreram no Pavilhão Atlântico em Lisboa num dos pontos altos da 3ª presidência portuguesa da UE. O referido tratado irá ser assinado no Mosteiro dos Jerónimos no próxima dia 13 de Dezembro. Será designado por Tratado de Lisboa exactamente por ser assinado pelos 27 naquela cidade. Trata-se de mais um passo no longo processo, iniciado em 2000, para tornar a UE mais democrática, rápida e eficaz. O primeiro avanço nesta tentativa foi dado em 2005 designado então por Constituição Europeia. Após a proposta ser negada por Franceses e Holandeses, gerou-se um impasse político na união, desbloqueado pelo tratado reformador de Lisboa. O consenso foi obtido depois das exigências Polacas e Italianas terem sido satisfeitas. Em resposta às exigências Polacas, os líderes europeus chegaram a acordo sobre o reforço jurídico e político da chamada cláusula de “loannina”. Em relação a Itália, a cimeira de Lisboa concordou com a proposta da presidência Portuguesa para que seja atribuído mais um lugar de eurodeputado à Itália (passa de 72 para 73), o que permite ao país manter a igualdade com o Reino Unido, apesar de ainda não ter o mesmo número de deputados que a França (74). Mas afinal de que trata o tratado? O Tratado Reformador irá permitir a tomada de decisões de forma mais rápida e eficaz. Até aqui as decisões políticas da união tinham de ser consensuais por todos os estados membros, o que era um entrave ao desenvolvimento e à tomada de decisões de urgência. As decisões adoptadas pelo Conselho de Ministros da UE terão agora de obedecer a dois critérios: obter o apoio de 55% dos Estados-Membros (15 em 27), em representação de pelo menos 65% da população total da UE (493 milhões de pessoas). O tratado irá tornar a UE mais democrática e garantir níveis elevados de responsabilidade, abertura, transparência e participação em resposta às expectativas dos cidadãos assim como, tornar a UE mais eficiente e reforçar a sua capacidade para responder aos actuais desafios mundiais, como as alterações climáticas, a segurança e o desenvolvimento sustentável. Com uma política comum, ou seja, tendo uma Europa a uma só voz para as questões económicas, energéticas, políticas de imigração, gestão de recursos e comércio terá um peso de negociação muito maior, fazendo frente com maior eficácia às economias emergentes do ocidente (China e Índia) de forma sustentada. Os cidadãos também ficam beneficiados, pois podem pedir à UE que proponha legislação numa área específica. Entre outras alterações, está prevista a criação dos novos cargos de Presidente do Conselho Europeu e de Alto Representante/Vice-Presidente da Comissão Europeia, permitindo à União Europeia ter uma voz única e clara nos assuntos de política externa. Alcançado o acordo, cada um dos 27 Estados-Membros terá em seguida de ratificar o novo tratado até à Primavera de 2009, a tempo de este entrar em vigor antes das eleições para o Parlamento Europeu de Junho do mesmo ano. Entretanto e internamente, iniciar-se-à a discussão acerca da forma de ratificação do tratado, por referendo à população ou por decisão parlamentar. Para Portugal estar agregado a um sistema económico como o europeu é benéfico, daí a resolução do tratado ser vantajoso para o nosso país, embora tenhamos perdido peso nas decisões da União pois iremos perder 2 eurodeputados no parlamento europeu. Pedro Simão